“Exceto meu disco, não resta nada que me interesse no Brasil”, diz Lobão

  • Por Jovem Pan
  • 08/02/2016 13h11
Bruno Landi/ Jovem Pan

Com mais de 40 anos de carreira, Lobão lança seu novo disco “O Rigor e a Misericórdia”. Conhecido por suas críticas à  política brasileira e polêmico como sempre, o cantor  contou, em entrevista exclusiva ao programa Morning Show, nesta segunda-feira (8), que as músicas que compõem seu álbum de inéditas trazem um tom bem intimista.

“Esse é o meu primeiro trabalho adulto. É o salto quântico em relação a tudo o que eu já fiz. Na verdade demorei 10 anos para fazê-lo. (…) Nesse disco não tem uma letra sequer que apareceu antes das músicas, as musicas estão sempre em função das letras. (…) Não tem nada parecido com o meu disco. Eu tenho certeza. E é isso que eu quero dizer”.

O disco “O Rigor e a Misericórdia”, que está programado para chegar às lojas nas próximas semanas, foi produzido completamente por Lobão. Questionado sobre o que o levou a realizar esse trabalho sozinho, o músico respondeu: “a partir da ‘Nostalgia da Modernidade’, em 1995, eu comecei a me tornar um artista completo (…) Estudei muito e, dessa vez, fiz tudo sozinho. Toco todos os instrumentos, aprendi a tocar baixo, guitarra e viola caipira.  Aliás, a viola caipira foi um grande presente meu. Devido aos apagões do Sumaré, eu queria fazer um disco de rock e acabei fazendo um disco agropecuário (…) Na verdade, eu quis  mostrar que um frouxo unido jamais será um indivíduo. Gente feliz não dá trabalho. Então, se você for um indivíduo feliz, você está fazendo um bem social. E eu sou feliz, sou um parque de diversão interno”, brincou.

Incomodado com o atual cenário musical brasileiro, Lobão aproveitou a oportunidade para expor sua opinião. O cantor conta que, mesmo com as dificuldades encontradas nesse país, ele conseguiu desenvolver, em um cenário horroroso, um trabalho magnífico. “Eu confesso a você que, exceto o meu disco, não resta nada que me interesse no Brasil. Eu fui um cara que fomentei a música independente. Lancei discos inéditos de 50 artistas através da revista OutraCoisa (…) Então, eu tenho todo o direito de nesse momento  lavar as minhas mãos perante a toda cultura nacional”, relatou.  

Lei Rouanet

Como não poderia deixar de ser, Lobão fez duras críticas a Lei Rouanet. Segundo ele, a medida deveria ser extinta no país junto com o Ministério da Cultura.  

“O problema é que as pessoas não sacaram que assistencialismos no Brasil é uma fábrica de fazer ‘bunda mole’. A Lei Rouanet vem desde o Collor e começou a ser utilizada como método de coesão ideológica a partir do PT, com o ministério do Gilberto Gil. Ela era para fortalecer o artista que está começando (…) mas começou essa ideia horrorosa de você subvencionar artistas consagrados. E, hoje em dia, 99,9% dos artistas que eu conheço, são subvencionados pela Lei Rouanet, o que é uma indecência, um atestado de ‘bundamolice’ total. Então, acho que o que nos resta, é fazer uma campanha para acabar com a Lei Rounet”. Ouça o áudio e confira a entrevista na íntegra. 

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